Anne tinha que fazer alguma coisa por aquele homem. Não suportava ver Emile perdido em seu mundo amargo quando a vida lhe prometia tanto prazer. Queria achar uma maneira de lhe mostrar a luz que se apagou no dia em que ele ficou cego; queria que ele voltasse a ver, mesmo sem enxergar, as cores, as imagens, o pulsar da vida que continuava. Mas era preciso ter cuidado: se ele desconfiasse de suas intenções iria despedi-la imediatamente. Talvez confundisse o amor de Anne com compaixão. E compaixão tinha apenas por si mesma, por amar tanto um homem que jamais sentiria seu calor. Emile preferia continuar amando a esposa, a bela Françoise, que o considerava um inválido inútil, e que havia