Nara tinha um pôster em seu quarto. Era uma foto de um globo de metal onde giravam duas motocicletas. O globo a atraía de maneira irresistível. Se permanecesse no quarto, a todo momento estaria olhando para ele e imaginando-se já dentro dele, girando vertiginosamente, ouvindo as motocicletas com seus escapamentos abertos roncando alto, faróis acesos como os olhos da morte constantemente a espreitar os motociclistas, os cabelos se agitando, a tontura, a delícia da velocidade e o desabafo do perigo. Nara estava sempre deprimida. Tantas coisas aconteciam à sua volta, mas nada influía em sua vida de modo a torná-la mais atraente, mais gostosa de ser vivida. Por isso gostava de se